segunda-feira, 29 de setembro de 2008

pousou aqui esta história

"Era no tempo em que só havia ar e pássaros. Os pássaros voavam e como não existia mais nada, coisa nenhuma, nem árvores nem pedras, os pássaros não podiam pousar. Voavam sempre. Um dia o pai de uma cotovia morreu e os pássaros não sabiam o que fazer com o corpo. Então a cotovia resolveu enterrar o corpo morto do pai na sua nuca. E foi assim que surgiu a memória."

daqui

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Medo das galerias de arte?

Aqui encontra um pequeno manual de sobrevivência com dicas muito úteis...

Alheava



Um projecto artístico centrado num confuso mas recente passado português.

A conhecer.




quinta-feira, 25 de setembro de 2008

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Nally, 1940


Hoje a moda continua a mandar mostrar as pernas, mas não há anúncio a depilatório onde "sovacos" não tenha sido substituído por "axilas"... (clicar na imagem para aumentar)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Anita no cinema

Se para lisboetas de gema, e desenraizados de longa data “Aquele querido mês de Agosto” não passa de um documentário ficcionado sobre bailaricos de província e musica pimba, qualquer pessoa que tenha vivido a intensidade de um mês de Agosto no interior do país reconhece neste filme todas as emoções dessa experiência condensadas em cerca de duas horas. Está tudo lá e eu não o saberia dizer de melhor forma. Não são só os bailes (que continuam a ser no contexto rural o espaço de exploração do interdito), mas também as paixões de verão, os pequenos grandes mitos rurais (há um Paulo Moleiro em cada aldeia), a liberdade e a disponibilidade, os visitantes sazonais que ampliam o ambiente de festa...
Embora haja quem insista em dividir o filme em duas partes (como se fizesse sentido ver a parte documental à espera que comece finalmente a “história”), na verdade os contornos entre ficção e realidade parecem-me sempre esbatidos, e isso só contribui para a magia: em Agosto tudo é possível e essa ideia é reforçada pelo non-sense, pela postura blaisé da equipa de filmagens que parece contagiada pelo espírito de férias, pelo amadorismo dos actores (e alguns nasceram para ser estrelas, como é o caso do homem do karaoke, que tem uma presença incrível),
Um filme é tanto melhor quanto mais nos faz rever os conceitos que vamos criando e “aquele querido...” fá-lo na perfeição: é incrível como o simples facto de se legendar uma música nos pode oferecer um novo olhar sobre ela.
Pelo domínio perfeito da estética do fragmento, pela montagem e pelo som irrepreensíveis, pela forma como souberam fazer magia usando a prata da casa, por terem lidado com o imprevisto com muita coragem, e porque é verdadeiramente raro encontrar uma tal frescura numa época em que tudo é injectado de acabamentos uniformizantes e de profissionalismo estéril, dou os parabéns a toda a equipa.
A aparência da facilidade é a arte dos mágicos e dos acrobatas e como se sabe não é nada fácil de dominar...

Uma homenagem à Anita

Como seria impensável que o post inaugural não fosse dedicado à menina que dá o nome ao blog, este é uma homenagem à Anita e aos seus criadores.
O 1º livro (Martine à la ferme) surgiu em 1954, e o sucesso foi imediato. Em cada país onde o livro foi traduzido, Martine ganhou um novo nome adaptado à cultura local (Tiny, Debbie, Maja, Marika, Mary; Steffi, Cristina). Em Portugal sob edição da Verbo, Martine é rebatizada de Anita.
Ao longo dos anos Anita foi mudando, e as suas roupas e atitudes reflectem o gosto de cada época (repare-se nos “modelitos” de “Anita vai às compras”!).



O autor das histórias era Gilbert Delhahaye, mas o sucesso não teria sido o mesmo sem as maravilhosas ilustrações de Marcel Marlier. Belos, coloridos, credíveis e cheios de detalhes para descobrir, aqueles desenhos fazem sonhar...
No primeiríssimo Anita na Quinta as ilustrações são a aguarela e têm a frescura própria de uma técnica que não permite o retoque, mas noutros livros M. Marlier recorreu ao guache, ecoline, lápis, acrílico, chegando mesmo a trabalhar directamente sobre fotografias.
Pessoalmente, prefiro as ilustrações dos livros mais antigos, e os meus favoritos “Anita no circo”, “Anita na escola” estão com as páginas gastas pelos meus olhos!



As guardas dos meus livros da Anita (que eram bem mais bonitas que as actuais) ostentam orgulhosamente os rabiscos que são como que as medalhas de mérito de um livro que foi amado por uma criança. “Anita e a tia Lúcia” inspirou-me a fazer um herbário, “Anita aprende a nadar” fez-me perder o medo de aprender a nadar... Se os livros nos marcam, porque não havemos de marcar os livros ?

Para saber mais sobre a Anita: http://martine.casterman.com/